Escrito pela autora Mary Claire Helldorfer, sob o pseudônimo Elizabeth Chandler, a trilogia (e mais tarde série) Beijada por um Anjo não demorou a se tornar um sucesso mundial, porém, as críticas se divergem pelos mais variados motivos. Podemos perceber nesse primeiro livro, lançado em 1995, os motivos que levaram a série a ser amada por uns, e odiada por outros.
O livro conta a história de Ivy Lyons, que como qualquer pessoa, enfrenta situações que acabam mudando sua vida. Em uma dessas situações ela cai em uma piscina, sem nem ao menos saber nadar, e com medo pede ajuda a Tony, anjo da água, que lhe salva. Desde então, Ivy se aproxima dos anjos e acredita que eles estão ao seu lado sempre que precisa, e por isso, também passa essa crença ao seu irmão mais novo, Philip, que segue os mesmos rituais.
Como obra do destino, Tristan, nadador e garoto que chama a atenção de toda as garotas do colégio (menos de Ivy), entra na vida da garota e tenta lhe ajudar a perder o medo de água. Os jovens então se aproximavam e estão prontos para viver uma grande história de amor, até que o destino volta a agir e trabalha para separa-los, fazendo os anjos ganharem uma nova visão para Ivy.
Nas primeiras páginas do livro, acompanhamos um acidente de carro que Ivy e Tristan se envolvem, e sem se aprofundar nos detalhes, a autora volta a contar os momentos que antecederam o encontro de ambos e também o estreitamento da relação. Assim segue até que o acidente volte a acontecer, e os acontecimentos posteriores são expostos.
“Ivy sentou-se ao piano, encarando a partitura que tinha aberto há cinco minutos, colocando suavemente uma das mãos em seus lábios. Tirou a mão e começou a dedilhar as teclas amareladas, correndo os dedos por elas, tocando alguns trechos um tanto fora do tom. Depois, passou a língua em cima dos lábios. Não estavam machucados; ela só estava imaginando coisas. (pág. 49)”.
Histórias como a de Beijada por um Anjo não fazem parte do gênero literário que mais me agrada, e talvez por isso, entrei para o time dos que não criticam o enredo criado por Chandler, que em si não deixa de ser emocionante. Ainda assim, nem tudo é perfeito. Apesar de uma escrita fácil e rápida, em diversos momentos nos deparamos com partes confusas, que mesmo sendo do estilo de escrita da autora, não ajudam em nada, pelo contrário.
Mesmo sendo um livro curto, os sentimentos do leitor para com que as personagens surgem. Em relação a Tristan, torcemos para que ele consiga realizar a sua missão (leia e entenda), principalmente por ser um personagem agradável. Ivy, provavelmente seja a melhor companhia para Tristan, e quando dizem que ela é uma das personagens mais marcantes não estão exagerando. Sua personalidade é marcante e diferente das mocinhas existente dos livros do estilo. Philip também é um personagem interessante e nos divertimos com ele nas vezes que ele aparece. Por fim, Gregory, filho do padrasto de Ivy, poderia despertar o ódio, mas ela é a única a ficar ao lado dele quando este mais precisa, e de certa forma é uma atitude interessante da parte da jovem.
A capa, criada pela equipe Novo Conceito, é simples e ao mesmo tempo com grande significado. A tipografia é incomum, com letras grandes, mas não é algo desagradável. A diagramação também é simples e com detalhes atraentes, sobretudo nos cabeçalhos e rodapés, sempre com detalhes que lembram um anjo. As divisórias também possuem esses detalhes e ganham uma página inteira para dividir os capítulos, o que também contribui para que o livro, de 247 páginas, seja lido com rapidez.
Apesar da rapidez dessa leitura, a história de Ivy e Tristan demora a se tornar interessante, e até metade do livro tudo é previsível e ao mesmo tempo faz parte de um grande clichê, que diferente da personagem, já foi usado em diversos livros destinados ao público jovem. Quando o livro se torna bom, e o suspense prometido tem inicio, infelizmente chegamos às últimas páginas e tudo o que resta é ler o segundo livro da série e esperar que tudo melhore.
“Tristan sentia-se frustrado, incapaz de mandar o recado para Ivy. Ela estava tão perto, tão perto, e, no entanto... Podia atravessar sua mão sobre ela, mas não tocá-la. Deitar ao lado dela, mas nunca oferecer-lhe consolo. Dizer algo para fazê-la sorrir, mas jamais ser ouvido (pág. 224)”.
Beijada por um Anjo é uma história romântica, capaz de emocionar aos leitores e com personagens marcantes que nos mostram que o amor está presente e acontece mesmo quando há motivos para acreditar que isso não é possível. Ainda assim, a história tem seus defeitos - que vão além da escrita confusa em alguns momentos - e também por isso as opiniões se diferem de acordo com o leitor. Acredito que o melhor seja ler para tirar as próprias conclusões.
