Publicitária, ela descobriu seu dom pela escrita quando tinha apenas 14 anos e foi nessa época que iniciou a escrita de seu primeiro livro, ainda não publicado. Desde então, não parou de escrever e já possui quatro livros concluídos, sendo que no inicio do ano estreou no mundo literário com o livro O Pássaro (Resenha), lançado pelo selo Novos Talentos da Literatura Brasileira, da editora Novo Século.  Nesse livro, ela nos mostra a busca pela liberdade de uma jovem do século XIII e proporciona ao leitor romances, aventuras e mensagens que podem ser usadas até os dias de hoje, emocionando a todos. Sempre muito simpática, nossa entrevistada nos conta um pouco sobre O Pássaro - desde o processo de escrita e publicação, até mesmo sobre personagens -, livro que tem encantado a todos. No mês do seu aniversário, nós estamos De Olho na autora Samanta Holtz:
Samanta no lançamento oficial de seu livro. Foto de Rui Antunes (Blog da Autora)
Over Shock - Samanta, é um prazer poder entrevista-la e levar aos leitores do blog um pouco mais sobre você e seu trabalho. Aproveito para parabeniza-la mais uma vez pela publicação do seu livro e desejar muito sucesso para o futuro de sua carreira literária. Para começar, conte um pouco sobre quem é a autora e publicitária Samanta Holtz.
Samanta Holtz - Obrigada pelas palavras, Ricardo! E o prazer é todo meu! Bom, eu sou uma otimista incurável. Gosto de viver de bem com a vida e procuro ver o lado simples dos problemas em vez de fazer tempestades. Acredito que, em toda dificuldade, há a oportunidade de aprendermos e nos tornarmos pessoas melhores. Amo a natureza, os animais, crianças, Deus... e, claro, amo escrever!

Over Shock - Jogo Rápido
Nome Completo: Samanta Holtz de Camargo
Cidade/Estado: Porto Feliz / SP
Data de Nascimento: 23 de Abril de 1987 (Dia Mundial do Livro!!!)
Time: Adoro a seleção masculina de vôlei! No futebol, tenho uma queda pelo Palmeiras.
Profissão: Escritora / Publicitária / Coordenadora da Qualidade. Até pouco tempo atrás, leia-se também “professora de inglês”.
Estilo de Música: Instrumental
Prato Preferido: Nhoque!
Filme: “Sociedade dos Poetas Mortos”
Autor: Sophie Kinsella
Frase: "Todas as coisas grandiosas que já aconteceram na humanidade começaram com um único pensamento na mente de alguém" - Yanni

Over Shock - Samanta, apesar de O Pássaro ser seu primeiro romance publicado, ele não é o primeiro concluído. Conte um pouco mais de seus outros trabalhos literários.
Samanta - “O Pássaro” é o meu terceiro romance concluído. O primeiro se chama “Renascer de um Outono”. Comecei a escrevê-lo aos 14 anos e era para ser apenas um conto, mas eu não imaginava que ficaria tão grande! As pessoas que o liam ficavam surpresas com a história e com a qualidade do texto para uma garota tão jovem, e começaram a me incentivar a publicá-lo. Eu nem imaginava como isso funcionava, mas fui atrás! Enquanto isso, escrevi “Corpo e Alma”, uma história mais curta, que mostra simultaneamente o plano dos humanos e o “invisível” (anjos, almas...). Bem viajado! (risos) Já tenho ideias para mais histórias nesse estilo e, provavelmente, será uma série. Então, escrevi “O Pássaro” e, mais recentemente, concluí o romance “Quero Ser Beth Levitt”, que segue a linha mais chick-lit. Eu o terminei em novembro e já revisei uma vez. Farei a segunda revisão agora e, até o meio do ano, buscarei também sua publicação.

Over Shock - E como foi o processo de escrita e publicação desse livro? Você encontrou alguma dificuldade?
Samanta - Sim, as dificuldades sempre existem! A propósito, são elas que tornam a vitória ainda mais saborosa. Ao longo da escrita, que durou cerca de 2 anos, tudo foi muito tranquilo. Os obstáculos, mesmo, surgiram na hora de tentar a publicação. Eu sempre busquei alguma das grandes editoras em vez de apostar na publicação independente – que também é uma alternativa muito válida, e tenho visto escritores independentes fazendo muito sucesso! Eu simplesmente pus na cabeça que era assim que eu queria, e sabemos o quanto é difícil conquistar a aprovação nas grandes editoras. Como todo escritor iniciante que tem a mesma teimosia que a minha (rs!), levei vários “nãos”. Mas isso não me desanimava. Revisava meu livro de novo, deixava-o ainda melhor... e continuava tentando! Até que, em 2011, deu certo com a Novo Século, através do selo Novos Talentos. Achei a proposta deles muito boa e, até agora, só tenho comprovado isso! Estou muito feliz com a repercussão do livro e seus resultados!

“Deus chamou-a por detrás da Serra, Maria cobriu-lhe com o Seu véu, Seu sorriso apagou-se da Terra, Para sua estrela brilhar no céu!” – poema Irma – Nosso Anjo.

Over Shock - A capa de seu livro chamou a atenção de muitas pessoas e possui uma relação muito grande com a história. Você teve participação na criação dessa capa?
Samanta - Um pouco! Foram feitas 4 alternativas pelo designer da editora e, antes de ele começar o trabalho, eles me perguntaram se eu tinha alguma ideia que gostaria de propor, algum sentimento que desejava transmitir. Eu disse que imaginava a protagonista de costas, com os cabelos ao vento, mirando o horizonte... como se almejasse a liberdade (que é a busca de Caroline ao longo da história)! Também imaginava prevalecerem os tons “sépia” (amarronzados) para remeter à época antiga. Essa capa veio ao encontro daquilo que eu queria. Pedi minúsculas alterações antes que ela chegasse a esse formato final, mas o mérito é todo da editora por passar em formas aquilo que eu imaginei, além de oferecerem outras opções igualmente lindas. Mas essa ganhava!

Over Shock - Quando você teve a ideia de escrever O Pássaro, você já imaginava o uso de ciganos? Por que usá-los e como você construiu a cultura desse povo?
Samanta - A presença de um núcleo cigano na trama enriqueceu muito a história, e muitos têm me falado isso! Eu já tinha a ideia de incluí-los desde o início, pois sabia que haveria uma longa sequencia da fuga de Bernardo e Caroline na floresta, e precisava de algo que não tornasse essa parte “monótona” ou repetitiva. Aí, entravam os ciganos! Eu ainda não tinha certeza de como, exatamente, eles participariam, até que, um belo dia, eu estava trocando de canais na tevê e vi um grupo de ciganos num programa de auditório falando sobre seus costumes e simulando uma das suas cerimônias. Peguei meu bloquinho na mesma hora e anotei tudo! Foi uma incrível coincidência, determinante para me ajudar não somente a definir como tudo aconteceria como também saber detalhes para narrar a festividade da qual Bernardo e Caroline participariam.

Over Shock - Por falar em ciganos, já revelei que mãe Nuha é minha personagem favorita. Você se inspirou em alguém para cria-la?
Samanta - Não tive uma inspiração específica. Mãe Nuha é uma espécie de “ponto de equilíbrio” para os temperamentos tempestuosos de Bernardo e Caroline, alguém que vem para dizer a coisa certa na hora certa e fazer toda a diferença em suas decisões. Uma comparação que ouvi de uma leitora, recentemente, foi com “Aslam”, de “As Crônicas de Narnia” – um personagem sereno, inteligente, que sabe o momento certo de interferir.

Over Shock - E a personagem principal de O Pássaro, Caroline Mondevieu, seria um alter-ego de Samanta Holtz? Quais as características semelhantes entre as duas?
Samanta - Nós duas somos bastante diferentes! (rs) Caroline é ousada, impulsiva e acaba, muitas vezes, exagerando em suas reações. Eu sou mais do tipo que pensa (e bastante!) antes de tomar alguma decisão e, na maioria das vezes, prefiro ficar quieta para evitar uma discussão. No entanto, tenho algumas semelhanças com ela, como a determinação em perseguir aquilo que eu almejo e a incredulidade diante de injustiças. Em vários momentos do livro, Caroline também se mostra generosa, apesar do gênio forte, e é algo com que eu também me identifico.

“Aquilo feriu o coração da garota com mais força do que ela podia suportar. Como alguém podia amar outra pessoa de maneira tão verdadeira, tão digna? E logo ela, que era alvo desse amor tão raro, estava deixando-o escapar por entre os dedos.” – O Pássaro (pág. 202).

Over Shock - Você pode dizer qual a parte mais emocionante de escrever nesse primeiro livro?
Samanta - Nossa... foram tantas partes emocionantes! O final, sem dúvidas, foi o mais forte. Chorei enquanto escrevia e em cada uma das vezes em que revisei essa parte. Também gostei muito de escrever as passagens da floresta, em especial na comunidade cigana (eu flutuava!), e uma parte que me tocou profundamente foi quando Caroline olha nos olhos de Filip momentos antes de abandoná-lo.

Over Shock - Se você estivesse na pele de Caroline: você aceitaria as ordens impostas e desistiria do seu sonho, ou lutaria em busca da liberdade assim como a personagem?
Samanta - Uau! É a primeira vez que alguém me pergunta isso. Conhecendo-me bem, eu provavelmente acabaria aceitando minha condição e procurando ser feliz dentro do que o destino me houvesse reservado – embora, no fundo, nunca deixasse de imaginar como seria se eu tivesse coragem de partir em busca de novos horizontes. É, a Caroline é muito corajosa, mesmo! Eu não teria conseguido fazer o mesmo!

Over Shock - E o que você seria capaz de fazer?
Samanta - Na situação de Caroline, não sei se eu teria a coragem que ela teve para jogar tudo para o alto. Eu tentaria, ao menos, convencer o barão a me arranjar um marido amável, e não um daqueles homens horríveis e interesseiros que usavam o casamento apenas para negócios. Eu também buscaria construir minha própria felicidade em vez de esperar que o casamento, o marido ou os filhos a trouxessem (o que era comum, na época).

Over Shock - A liberdade de escolha é um dos focos em seu romance. Apesar de se passar no século XIII, você acredita que seu livro mostre a realidade de pessoas atuais, que também precisam lutar para serem livres?
Samanta - Com certeza. Existem muitas formas de prisão, nos dias de hoje. Uma delas é a mesma que Caroline enfrenta no século XIII, que é a pressão da sociedade. Existe uma espécie de lista invisível de regras a serem seguidas, do que é certo e o que é errado, do que esperam de nós. Claro que não me refiro a bons valores como educação e respeito, pois isso é essencial e importante. Mas é como se todos tivessem que seguir os mesmos passos e, se você resolve fazer algo diferente do que esperam de você, sofre preconceito e julgamentos. Também há a questão do dinheiro; quantos sonhos não foram abandonados ou abortados por falta dele? E há as prisões mais cruéis, como abusos que mulheres e crianças sofrem, muitas vezes caladas, aprisionadas dentro de si mesmas e na profundeza dos traumas que se criaram em sua alma. Infelizmente, existem muitos “barões Enézio Mondevieu” por aí corrompendo a felicidade dos outros.

“Não queria pensar demais; tinha medo do que poderia começar a sentir. O coração, todavia, adora desafiar a lógica, e foi assim que os olhos dela se voltaram para a figura do companheiro, sob um ângulo totalmente novo, que ela talvez até já tivesse experimentado, porém jamais acatado”. – O Pássaro (pág. 310).

Over Shock - Após o lançamento de O Pássaro, você está focada na divulgação do seu primeiro livro. Mas já está preparando algum projeto para o futuro?
Samanta - Sim! Já estou iniciando a segunda revisão de “Quero Ser Beth Levitt” e, por volta da metade do ano, pretendo buscar sua publicação. Também vou revisar “Renascer de um Outono” e escrever a nova história da série “Corpo & Alma”, que já está prontinha em minha cabeça, só esperando para ser colocada no papel! Nem que eu queira, consigo ficar sem escrever. As ideias jorram, e parecem ter vida própria!

Over Shock - E como você vê o cenário literário em nosso país?
Samanta - Hoje em dia, eu vejo mais espaço para novos autores do que há oito ou dez anos. Acho legal que as editoras estão não somente lançando os autores no mercado “à sua própria sorte”, mas criando sistemas nos quais elas possam auxiliá-lo em sua carreira e na divulgação do seu trabalho, além de oferecerem um trabalho de qualidade na capa, na impressão etc. Claro que os autores iniciantes não recebem o mesmo destaque dos já consagrados, o que é perfeitamente normal. Mas só o fato de abrirem este espaço já é muito importante para quem deseja dar seus primeiros passos num mercado que é tão competitivo.

Over Shock - Muito obrigado por sua atenção, Samanta. Obrigado também pela parceria e por acreditar no trabalho do Over Shock. Desejo sucesso e estarei sempre acompanhando seu trabalho, torcendo e lhe apoiando. Para encerrar, deixe uma mensagem aos leitores.
Samanta - Ricardo, eu que agradeço pela oportunidade e pelo espaço a mim reservado! Admiro e respeito muito o trabalho de vocês em seus blogs, vejo o quanto levam isso a sério e é de fundamental importância para o trabalho dos escritores – especialmente aqueles que, como eu, estão em seus primeiros passos.
Aos queridos leitores, o que quero dizer é que sou muito grata pela maneira carinhosa e confiante com que receberam a mim e ao meu livro. Espero que todos tenham a oportunidade de ler O Pássaro e se apaixonar por Bernardo, Caroline, Mãe Nuha e tantos outros personagens, como muitos, graças a Deus, têm se apaixonado! Estou à inteira disposição de vocês!
Um abraço,
Samanta