O Espião, Clive Cussler e Justin Scott, tradução de Henrique Amat Rego Monteiro, 1ª edição, Ribeirão Preto-SP: Novo Conceito, 2012, 416 páginas.

Com mais de 40 livros publicados, o autor Clive Cussler é um dos especialistas da literatura de espionagem e em parceria com Justin Scott, que já publicou 24 romances, escreveu O Espiãoterceiro da série -, um livro cheio de altos e baixos – mais altos do que baixos - envolvendo um dos seus personagens mais marcantes.
É 1908. Pouco tempo antes da primeira grande guerra e os países já iniciam uma batalha marítima em busca de tecnologias revolucionárias para época. Arthur Langer era um homem que detinha as patentes das principais invenções dos Estados Unidos e morre misteriosamente enquanto toca piano. Tudo leva a crer que seja suicídio, porém Dorothy Langner, filha de Arthur, acredita que na verdade seu pai foi assassinado. Para tentar resolver esse mistério, a jovem procura Isaac Bell, um detetive que tem a missão de descobrir quem teria causado a morte de um importante nome para a marinha norte-americana.
Isaac Bell, investigador da Agência de Detetives Van Dorn, passa a investigar a fundo tudo aquilo que envolve a morte de Arthur e aos poucos descobre peças de um quebra-cabeça que apontam para algo muito mais sério do que a morte de um homem inteligente. Ele não demora a perceber que a intenção do assassino – seja ele quem for – é eliminar pessoas que possam engrandecer a marinha dos EUA. Sua missão muda de foco e agora, além de descobrir o culpado, precisa salvar vidas. Salvar seu país.

“Como se uma estrela cadente tivesse apagado os últimos vestígios de escuridão no céu da manhã, Isaac Bell viu o poderoso couraçado pelo que ele poderia ser... uma visão grandiosa de homens vivos e um monumento aos mortos inocentes. (pág. 114)”.

Dividido em cinco partes (A Filha do Artilheiro; Caixões Blindados; A Frota; Um Sinal de Deus; e Em Serviço Distante) e com uma escrita detalhista, Cussler e Scott leva o leitor a um país no inicio do século XX, que possui uma sociedade diferente e ao mesmo tempo encantadora. Conhecemos um pouco dos costumes dessa sociedade, bem como tudo aquilo que envolve os anos que antecederam a guerra, sobretudo na questão marítima. Há muitos detalhes técnicos sobre navios e armas de guerra, e por isso fica fácil entender o que levou diversos países a entrar nessa aventura de espionagem. Tudo fica claro e sentimos como se estivéssemos vivenciando as aventuras das personagens.
Encontramos em O Espião uma narrativa de tirar o fôlego com a quantidade de mortes e mistérios que surgem com o decorrer das páginas. Inimigos que criam situações prejudiciais e pessoas com atitudes inimagináveis não faltam neste livro. Nem todos são aquilo que realmente aparentam ser e isso cria uma atmosfera que diferencia este estilo literário de outros semelhantes.
Porém, a escrita detalhista também é um dos – únicos - pontos negativos e que deixam a leitura um tanto quanto arrastada no inicio. Se envolver com a história é sempre muito bom, contudo é estranho imaginar algumas situações quando não se conhece o ambiente, por exemplo. Felizmente aos poucos tudo fica natural, e a leitura se torna mais agradável. Claro que os grandes detalhes deve ser considerada uma característica dos autores, afinal, narram, com maestria, uma história de uma época diferente.

“Arrastou o corpo até o píer no lado do depósito em que a construção se projetava acima do Rio Potomac. Uma alavanca de madeira, que ficava à altura de seus ombros, liberava o alçapão no piso. Este abriu com um forte ruído. O corpo chocou-se contra a água. Em uma noite de chuva como aquela, o rio o levaria a quilômetros de distância. (pág. 247)”.

No inicio, Isaac Bell também parece ser uma personagem simples, sem características que o tornam inesquecível. Um engano que é esclarecido já na primeira parte, quando a personalidade de Bell é revelada e conhecemos o homem educado, dentro da lei, romântico, inteligente, com gosto para a aventura e métodos investigativos surpreendentes – ele aproveita fatos simples para conseguir informações esclarecedoras. Talvez esse engano citado não acontecesse se a primeira experiência fosse com The Chase (2007), aventura de estreia de Isaac e ainda não lançado no Brasil.
No mais, a editora Novo Conceito novamente fez um excelente trabalho, começando pela capa – muito bem trabalhada e com detalhes relacionados com a história. A tradução de Henrique Monteiro dividiu opiniões, mas felizmente não há falhas – nem mesmo na revisão - e a discussão é: nomes de ruas e lugares deveriam ser traduzidos? Acho que isso não faria diferença, mas talvez se tornasse interessante.
O Espião é um livro para todos os públicos, que tem tudo para agradar a todos. Há aventuras, investigações, romances, mortes, personagens carismáticos e conflitos envolvendo diversos países do mundo, o que fez toda a diferença. Tudo isso combinado com um final arrebatador, que eu diria ser um dos melhores de livros parecidos com este, e que mostram aquilo que podemos encontrar em outros trabalhos de Clive Cussler, que serão lançados em breve pela Novo Conceito.

“A máscara impassível que Louis Loh habitualmente usava sobre a face deslocou-se um fio de cabelo. Bell detectou uma minúscula queda de seus ombros, que transmitia um colapso na esperança interior de que seu ataque, embora fracassado, provocasse um atrito entre o Japão e os Estados Unidos. (pág. 316)”.

Desde já digo que o kit de O Espião é fantástico e inovador. Claro que a promoção não poderia faltar e em breve ela estará no ar, junto com outro kit da editora. Aguardem!!
Não poderia deixar de agradecer a editora - sempre muito atenciosa com os parceiros -, que gentilmente cedeu o livro para que essa resenha pudesse acontecer. Espero que goste e que se interessem por essa leitura fantástica.