Estilhaça-me, Tahereh Mafi, tradução de Robson Falchetti Peixoto, 1ª edição, Ribeirão Preto-SP:
Novo Conceito, 2012, 304 páginas.
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A estreia da autora Tahereh Mafi no mundo literário se deu com o livro Estilhaça-me, do original Shatter Me. Mafi, que atualmente mora na Califórnia, conseguiu encantar ainda no primeiro livro da trilogia, apesar de alguns pontos que deixam a desejar.

Narrado em 1ª pessoa, o livro nos leva para as aventuras de uma jovem garota que tem o toque letal. Esse simples dom, se é que podemos chamá-lo assim, causou mudanças drásticas na vida de Juliette e por longos 264 dias ela ficou presa, para que assim não viesse a matar ninguém. A rotina de Juliette começa a mudar quando Adam Kent aparece em sua vida. Ela não demora a perceber que seu dom pode servir de arma para O Restabelecimento, uma ordem com planos nada amigáveis, apesar da ideia original de alguma forma ser boa.

É bom começar falando sobre a capa do primeiro volume dessa trilogia, capa essa que a editora Novo Conceito novamente fez um excepcional trabalho, deixando-a chamativa e com detalhes que mostram bem aquilo que vamos encontrar no interior. A diagramação também merece destaque por ter detalhes simples que remetem a algo estilhaçado, palavra tão usada ao longo da história.

Outro ponto que deve ser bem explicado é o estilo de escrita da autora, que no início chega a ser bem confuso. Demoramos alguns capítulos para se acostumar com a escrita intensa, nada formal, e que possui diversos erros propositais, ou seja, foi algo pensado desde o início. Como a protagonista sofre por tudo o que está passando, a autora contou a história de uma maneira bem diferente, onde, mais do que nunca, sabemos exatamente todos os medos, desejos e angústias do narrador-personagem. Para deixar tudo ainda mais real, em diversos momentos encontramos palavras tachadas, o dá a ideia de que a personagem deseja algo, mas que na verdade está dizendo outra coisa.

“Cada músculo cada movimento comprime-se, cada vértebra de minha coluna é um bloco de gelo. Estou segurando a respiração e meus olhos estão arregalados, perdidos, surpreendidos pela intensidade de seu olhar. Não consigo desviar o olhar. Não sei como escapar”. (pág. 37).
As personagens são bem marcantes e Juliette, apesar de ter poucas características que a tornam fantástica, possui atitudes que não deixam com que ela passe despercebido na história. A forma como a história é narrada tem grande influência, já que sentimos na pele –ou quase isso – o que ela está realmente passando, e isso faz com que Estilhaça-me seja um dos livros em 1ª pessoa mais marcantes da atual literatura. O livro ainda aborda bem a relação entre Adam e Juliette, sendo que toda a história que uniu as duas personagens é contada aos poucos. O vilão, Warner, tem todas as características que um vilão precisa ter, sendo chato em alguns momentos e tentando, de alguma forma, conquistar a mocinha em outros.

Muito se falou sobre a semelhança de Estilhaça-me com a famosa série X-Men. Confesso que, apesar do dom de Juliette, demorei a entender como isso iria de fato acontecer, mas estava muito claro em grande parte do livro. Quando a relação foi definitivamente revelada, Estilhaça-me se tornou para mim apenas o livro de introdução da série, que tem tudo para melhorar a partir da continuação, que deve ser lançada em 2013.

Nessa introdução, como nomeei, existe ação e uma pitada de romance, capaz de agradar a grande maioria dos leitores, porém ainda falta algo que espero encontrar nos próximos livros. A escrita é confusa, mas algo que nos acostumamos; os personagens bem estruturados e que ainda não conseguem ser totalmente admirados; a ação é constante e o romance bem descrito, o que não deveria diminuir; talvez falte alguma reviravolta capaz de surpreender o leitor. Com a forma que a história se desenrolou até a última página desse volume, a autora está seguindo o caminho certo.

“Alguém me lavou. Minha pele está como cetim. Meus cílios estão suaves, meu cabelo está liso, escovado; ele brilha à luz artificial, um rio de chocolate marulhando-se junto à pálida orla de minha pele, ondas suaves em cascata ao redor de minha clavícula. Minhas articulações doem; meus olhos queimam de exaustão insaciável. Meu corpo está nu sob o pesado lençol. Nunca me senti tão imaculada”. (pág. 257).

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