O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)

Resenha: Como você acredita que seria o futebol, a paixão nacional, se ele fosse baseado nas estatísticas e não apenas na habilidade e fama de seus jogadores? Encontramos a resposta para essa pergunta no filme O Homem que Mudou o Jogo, sendo que a única diferença é o esporte: baseball e não futebol.
Baseado no livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis, o filme conta a história de Billy Beane (Brad Pitt), gerente do Oakland Atletics, time da Major League Baseball que surpreendeu a todos na temporada de 2002, ao conquistar diversas vitórias tendo a menor folha salarial de todos os participantes. Essa série de vitórias – que bateu um recorde histórico – só foi possível quando Billy resolveu mudar a forma de gerenciar seu time.
O que até então era baseado apenas nas expectativas dos olheiros que trabalhavam para tentar revelar novas estrelas, o gerente, com ajuda de seu companheiro, Peter Brand (Jonah Hill), transformou em algo simples e que não fosse necessário uma grande quantia de dinheiro. Especializado no assunto, Brand é quem mostra para o protagonista que isso é possível e aos poucos ambos montam um time que viria a fazer história.
O roteiro de O Homem de Mudou o Jogo foi escrito de forma excepcional por Steven Zaillian e Aaron Sorkin, e ainda contou com um elenco de primeira, a começar por Brad Pitt, sempre muito talentoso e capaz de engrandecer um personagem que tinha tudo para ser comum ao longo da trama. O ator deu um lado cômico ao personagem, que busca, em grande parte do tempo, mostrar que suas ideias são válidas e não apenas uma loucura de alguém perto do fracasso. O personagem ainda possui manias – como não assistir aos jogos no estádio - e angústias que muitas vezes não vemos em filmes como esse, o que o deixa real. Pitt é o grande responsável por essa realidade e esse objetivo só foi alcançado por se tratar de um ótimo ator.
Quando falamos de filmes sobre algum esporte específico, logo é necessária a existência de algum companheiro para a personagem principal e a exemplo de Um Sonho Possível, não é um casal que faz a diferença - nesse caso, não é nem mesmo do sexo oposto. Apesar de uma relação bacana com a filha, Casey Beane (Kerris Dorsey), a união perfeita para Billy é com a personagem interpretada por Jonah Hill, que não é mais visto como um ator coadjuvante. Jonah não só tem uma importante participação, como seu personagem mostra que o esporte em geral já não é mais feito por pessoas do próprio meio, ou seja, é um negócio que se expandiu de tal forma que envolve diversas outras áreas, como a economia.
Brad Pitt e Jonah Hill roubam a cena sempre que aparecem juntos, seja em uma reunião – dificilmente encontramos diálogos tão bem criados quanto aqui - com outros nomes importantes da equipe ou apenas quando estão tentando fazer o melhor. Uma das melhores cenas de Hill é quando Peter Brand precisa demitir um dos jogadores, enquanto Pitt arrebenta quando perde a paciência ao ver alguns deles brincando em um momento sério. Em cenas como essas fica claro como a dupla de roteiristas foi feliz ao deixar uma cena dramática com um teor cômico - o que de fato era a intenção – aproveitando o talento de seus atores.
Como sempre existe no meio esportivo, encontramos rivais que não concordam em deixar de lado aquilo que foi usado durante anos e que deu certo. O grande exemplo é o olheiro, que acaba sendo prejudicado pela ideia maluca dos protagonistas. Até mesmo os superiores e outros gerentes do time são contra e travam uma batalha dura, tentando evitar o que pode ser um erro fatal para a história da equipe.
Sendo assim, nada do que falei pode ser considerado um spoiler, já que existem muitas coisas a acontecer e o final não é bem aquilo que esperamos – não que seja um problema. É só uma questão de torcida. Com ótima trilha e fotografia, O Homem que Mudou o Jogo é aquela comédia dramática que tem o que todos esperamos encontrar: personagens cativantes, um roteiro empolgante, cenas emocionantes do esporte usado ao longo da trama, flashbacks sobre o passado e um elenco de primeira, tudo para contar uma história real. Um ótimo filme, que merecia ter ganhado ao menos um dos prêmios a que concorreu.