Beijada por um Anjo 4: Destinos Cruzados, Elizabeth Chandler (Mary Claire Helldorfer), tradução de Marsely De Marco Martins Dantas, 1ª Edição, Ribeirão Preto-SP: Novo Conceito, 2011, 288 páginas.

Mais de quinze anos se passaram desde o lançamento de Almas Gêmeas (Resenha), último livro da trilogia – que ainda possui Beijada por um Anjo (Resenha) e A Força do Amor (Resenha) -, escrita por Elizabeth Chandler. Quando a continuação, Destinos Cruzados, foi anunciada em meados de 2011, a pergunta mais frequente era: esse quarto livro é realmente necessário?
Na verdade essa não é a pergunta adequada a se fazer, isso porque Destinos Cruzados apenas engrandece a história que virou um sucesso tanto no Brasil, como em outros países do mundo. Temos as mesmas personagens que se envolvem em histórias diferentes, e talvez tenha sido ótimo para os verdadeiros fãs, que agora podem apreciar suas personagens em mais três volumes de muito amor, amizade e suspense – sim, porque agora o suspense é um pouco maior.
Um ano se passou e Ivy, nossa protagonista, tenta superar tudo aquilo que enfrentou meses antes. Para isso, ao lado de Beth, Will e outros amigos, vai a uma cidade do litoral para as tão merecidas férias. O que Ivy não imagina é que se envolverá em um novo acidente de carro, e o terror já vivido, voltará para atormentá-la. Enquanto se recupera do acidente – que lhe causou algumas consequências -, Ivy conhece João e essa figura se torna de extrema importância para os próximos livros da série – e algo que muitos esperavam acontece graças a ele. Vale lembrar ainda que Ivy continua correndo perigo de vida, e ela continua lutando por sobrevivência.

Seu amor se estendia por todo o corpo dela, a pureza do calor que emanava dele a queimava por dentro. Subitamente, ela sentiu seu coração batendo, batendo forte em seu peito, como um pássaro engaiolado. (pág. 53)”.

Como em todos os livros, Destinos Cruzados possui alguns pontos positivos, porém também muitos negativos, a começar pelo tempo em que se passa a história. Escrito na década de 90, percebemos ao longo dos três livros iniciais que a história acontece no século XX. Porém, logo nas primeiras páginas a autora usa de referências atuais. Constantemente as personagens dizem sobre as novas tecnologias, incluindo as redes sociais, que em nenhum momento foram usadas anteriormente. Isso incomoda e não é apenas no inicio; toda vez que alguém cita o iPod, Facebook, entre outros, tentamos entender o motivo dessa mudança, dessa vez realmente desnecessária.
As personagens sofrem algumas mudanças com o tempo, o que só aumenta após a aproximação de João e Ivy – sendo que no quinto as mudanças são ainda maiores. Novas personagens surgem na cidade litorânea, e o que mais faz falta é a presença da família da protagonista, principalmente de Philip, seu irmão caçula. Os anjos também aparecem em raros momentos, mas, ao menos por enquanto, isso não faz tanta falta.
Claro que desnecessária essa continuação não foi. A história por trás do casal Ivy e Tristan era muito forte para ter um fim como aconteceu nos livros anteriores, e as personagens que conquistaram a muitos leitores mereciam tal continuação. Dizer que há um estreitamento na relação de ambos em Destinos Cruzados seria um pouco exagerado, mas percebemos ao longo das 288 páginas que esse amor só tende a crescer.
Entre os quatro primeiros livros, este é onde o suspense é mais usado, e por incrível que pareça, há algumas reviravoltas. Isso acontece desde o início, ao contrário de antes, onde tudo ficava bom apenas nos últimos capítulos. Algumas perguntas serão respondidas apenas no quinto livro – que por sinal é o melhor e isso é definitivo -, mas Elizabeth Chandler soube dar uma continuação para uma série de sucesso, sem que isso a tornasse cansativa. Se a intenção da autora era aumentar os conflitos e melhorar a série, ela fez isso com extrema capacidade.

“Como não havia luar, as águas calmas estavam sendo banhadas pela luz das estrelas. Ivy lembrou-se da catedral de estrelas em que Tristan a havia beijado. Sussurrou o nome dele e quase conseguiu ouvir a resposta, "meu amor". Quase. A voz que ouviu em sua cabeça era uma lembrança, ela sabia disso. (pág. 189)”.